A pausa para o almoço dura 15 minutos. E o que a professora Cleir Rodrigues de Oliveira faz antes e depois disso é, basicamente, matemática: oito horas de aula por dia, de segunda a sexta-feira, em duas escolas públicas da zona rural de Inhapim, município da jurisdição da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Caratinga. Com 23 anos de magistério, Cleir destaca o sentimento de felicidade que a invade sempre que vê algum aluno ter um bom desempenho em Matemática. “É uma recompensa muito grande”, diz a professora.
Os resultados dos seus 101 alunos na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), sem dúvida, são de causar contentamento. Em 2016, a Escola Estadual Querobino Marques de Oliveira – onde leciona no período da manhã para turmas dos anos finais do Ensino Fundamental – conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e uma menção honrosa. Em 2015, garantira uma prata, um bronze e uma menção honrosa. Nas edições de 2011 a 2014, fora premiada com, pelo menos, uma menção honrosa, e a expectativa para edição deste ano é de mais medalhas e melhores resultados.
O destaque da escola, situada na Vila Marques, área rural do município, é um feito. Os resultados obtidos na Obmep provocaram uma inversão no movimento dos estudantes, que, em geral, buscam as unidades de ensino da zona urbana, mais estruturadas. O total de matrículas na Escola cresceu 20%, e só não foi possível ir além devido às próprias limitações de espaço.
Cleir, que nos dois últimos dois anos foi premiada pela Obmep por sua atuação, divide os louros dos resultados obtidos. “A escola toda ajuda muito. As questões da Obmep vão além do cálculo em si e requerem interpretação. O professor de Português, então, faz a diferença, assim como todos os outros, pois trabalhamos a Matemática de forma multidisciplinar”, relata a professora. Há, de fato, um trabalho conjunto pela melhoria do ensino da Matemática na escola, confirma a diretora da Escola Estadual Querobino Marques de Oliveira, Ângela Aparecid Nunes. Tanto é que, em 2016, a instituição foi premiada pela Olimpíada. “O incentivo é de todos. E, com o passar do tempo, estamos evoluindo”, destaca, citando que a escola fica à disposição dos estudantes no contraturno, para quem deseja se aprofundar na disciplina. Em geral, é lá que os alunos conseguem acesso à internet, difícil na região.
Medalha de prata na Obmep em 2015, Mariana Maciel, aluna do 9º ano, demonstra sua gratidão à professora de Matemática “Ela é muito atenciosa, gosta de nos incentivar e tem muita paciência para explicar a matéria”, diz ela, que gosta tanto da forma como Cleir desempenha seu trabalho que decidiu tentar seguir seus passos. “Quero ser professora de Matemática”, diz Mariana.
Cleir avalia ser importante contextualizar o currículo escolar, mostrando como a Matemática está inserida em nosso cotidiano, e lançar mão de estratégias lúdicas para abordar determinados conteúdos. Além disso, acredita ser importante manter uma relação de proximidade com os alunos. “Às vezes, o professor de Matemática costuma ser muito seco, muito frio. Procuro ser diferente. A Matemática já tem essa fama de ser muito difícil. Então, se o aluno tomar antipatia do professor, complica. Gosto muito de conversar com eles, saber do dia a dia, dos problemas familiares, que acabam interferindo muito na aprendizagem”, destaca a professora. O entusiasmo agora fica por conta do filho mais velho, Alef Gabriel, de 17 anos, medalhista de prata da OBMEP em 2015, que só pensa em repetir o feito na edição deste ano.
OBMEP
Nesta 13ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), foram inscritos 18.240.170 alunos. As provas foram realizadas no dia 6 de junho e a segunda fase está programada para 16 de setembro. A lista dos alunos classificados e seus respectivos locais de prova será divulgada no dia 11 de agosto. Este ano a competição também foi aberta para estudantes das escolas particulares. Neste ano, foram inscritos, ao todo, 18.240.170 alunos.
Destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, a Obmep contribui para estimular o estudo da Matemática, identificar jovens talentos – incentivando seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas – e promover a inclusão social pela difusão do conhecimento.
Criada em 2005, a Obmep é uma realização do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e promovida com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Ministério da Educação (MEC).
Resultados de Minas
Os estudantes mineiros sempre apresentaram lugar de destaque na Olimpíada. No ano passado, pela décima vez consecutiva, o Estado de Minas Gerais foi o campeão em número de medalhas na Obmep. Os alunos das escolas públicas de Minas Gerais faturaram, em 2016, 1.585 medalhas na competição, sendo 125 de ouro, 384 de prata e 1.076 de bronze.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Olímpiada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep)