“Errar, aprender, superar e recomeçar”. Esse é o nome da 3ª edição do livro lançado pelo Centro Socioeducativo de Unaí, que celebra os quatro anos de funcionamento da unidade.  Por meio de rimas, mensagens reflexivas e ilustrações, adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na unidade relatam seus anseios e expectativas diante de suas trajetórias, na busca por um futuro mais próspero. Eles são alunos da Escola Estadual Vigário Torres, instalada dentro do Centro.

O diretor-geral da unidade, José Fonseca, conta que idealizou o projeto há três anos para ajudar a identificar questões que precisam ser trabalhadas com os adolescentes pela equipe multidisciplinar da unidade, composta por psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, terapeutas ocupacionais, entre outros.

Para isso, não se estipula tema ou limite de textos. Os adolescentes são livres para escrever sobre o tema desejado e são acompanhados por pedagogos e professores de português da Escola. “Os jovens às vezes têm dificuldade de mostrar o que sentem. Por meio da escrita, eles expressam, com mais facilidade, seus anseios e fazem desabafos de coisas que não falam nos atendimentos. Dessa forma, é possível fazer interferências eficazes, enriquecendo o atendimento técnico”, conta José Fonseca.

A unidade conta com uma biblioteca com mais de mil exemplares, onde cada adolescente tem direito ao empréstimo de dois livros por semana. Praticamente 100% deles fazem uso desse fluxo corriqueiramente, mesmo os que ainda não possuem proficiência em leitura - vendo fotos e gravuras.

Isso, inclusive, ajuda a estimular a produção dos textos. Foi o que aconteceu com dois adolescentes que produziram uma quantidade expressiva de conteúdo, ao ponto de não caber no livro da unidade. Cada um lançou um livro de autoria própria, sendo um de poesia e outro autobiográfico. 

A equipe desenvolve um trabalho voltado para o processo de responsabilização a respeito do ato infracional praticado pelo adolescente de forma digna, para que ele compreenda o seu erro, oferecendo suporte para novas alternativas de reinserção social, como estudo regular, oficinas e cursos profissionalizantes.

O apoio familiar também é fundamental durante o cumprimento da medida. Seis adolescentes que tiveram seus textos publicados no livro foram homenageados como destaques, N., de 17 anos, foi um deles. “Quando contei para a minha mãe na última visita, ela ficou muito feliz. Deu um sorriso largão! Perdemos muito tempo da nossa vida com bobeira, só desperdiçando, sem pensar no que pode acontecer. Quando percebemos, já levamos o tombo”, relata o jovem.

 

Para além do livro

O Centro Socioeducativo de Unaí comemora o respeito que conquistou dos adolescentes atendidos, familiares e da comunidade nesses quatro anos de história.  A unidade estabelece constantes parcerias com a sociedade, já que a ocupação desses espaços sociais é fundamental para o processo de reinserção dos adolescentes que cumprem medida.

Só neste ano, 125 jovens participaram de curso de formação para o mercado de trabalho em diversas áreas, por meio de parcerias com outros órgãos públicos e entidades da sociedade civil.

 

Novas Diretrizes de Educação

No início de 2017, a Secretaria de Estado de Educação apresentou, aos diretores das escolas, diretores das unidades socioeducativas e inspetores das Superintendências Regionais de Ensino (SREs), as novas diretrizes pedagógicas para as 17 escolas estaduais que atendem os 24 centros socioeducativos de Minas Gerais. Essas diretrizes preveem que o conteúdo deverá ser trabalhado de maneira interdisciplinar considerando as peculiaridades dos jovens que cumprem medidas socioeducativas.

O documento leva em consideração a realidade do percurso educacional dos adolescentes atendidos: não possuem vínculos com a escola: encontram-se evadidos, não matriculados ou, mesmo quando matriculados, estão infrequentes. Entre as consequências, estão a distorção idade/ano de escolaridade dos jovens – que, em média, é de 4,3 anos – e dificuldades na construção e consolidação dos conhecimentos escolares.

De acordo com as novas diretrizes, a proposta curricular para o Ensino Fundamental prevê turmas de aceleração de estudos. Com média de 12 estudantes, do 1º ao 5º ano, as turmas terão duração de um ano. Já para os anos finais, as turmas serão divididas em dois períodos: o 1º correspondente aos estudos do 6º e 7º anos e o 2º, aos estudos do 8º e 9º anos, cada um com um ano de duração de um ano. Para o Ensino Médio, a proposta tem como princípio fundamental a Formação Básica e a Participação Cidadã. Pela nova metodologia, haverá, para cada área de conhecimento, um professor orientador nas unidades formativas e outro articulador de um plano de participação cidadã.

 

Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Segurança Pública

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