Secretária Macaé Evaristo visitou duas escolas em Belo Horizonte. Inscrições para a Campanha VEM 2016 podem ser feitas até o dia 28/10

No último sábado, dia 17, as escolas da rede estadual de ensino realizaram as atividades da Virada Educação Minas Gerais, dedicada à mobilização de estudantes, pais, professores e funcionários para mostrarem à comunidade as ações que desenvolvem. Outro objetivo é o chamamento de jovens em situação de evasão escolar, para que retomem os estudos. Cada escola realizou suas atividades de acordo com quatro tipos de ações: diálogos, que englobam ações como rodas de conversas, debates e mesas redondas; exibições, ações que explorem linguagens audiovisuais, apresentações artísticas ou mostras; intervenções, iniciativas que englobam atividades relacionadas a passeatas e visitas à comunidade; e trilhas e oficinas, que são ações de caráter formativo, oficinas e jogos.

Em Belo Horizonte, a Escola Estadual Anita Brina Brandão, no bairro Jaraguá, reuniu pais e alunos do ensino fundamental e médio para assistirem a apresentações culturais e trabalhos escolares relacionados à prevenção de doenças e à educação de alunos especiais. A escola também esteve aberta para atividades esportivas com a participação de pais voluntários.

A Escola Estadual Anita Brina Brandão, no bairro Jaraguá, reuniu pais e alunos para assistirem a apresentações culturais e trabalhos escolares. Foto: Reinaldo Soares/SEE

A secretária de Estado de Educação Macaé Evaristo esteve na escola para acompanhar as atividades e aproveitou para conversar com quem estava presente. Ela destacou a importância da participação das famílias no dia a dia dos alunos, independentemente da idade: “A escola sozinha não dá conta. Precisamos da articulação com outros setores, mas, principalmente, precisamos do apoio das famílias e da comunidade. Este dia, da Virada, é uma chamada, uma forma da gente dizer que estamos juntos e que precisamos muito de cada um. Eu costumo dizer que quando as crianças são menores, as famílias normalmente participam muito do dia a dia da escola. Depois que eles crescem, a gente acha que eles não precisam tanto. Mas eu acho que a juventude está pedindo socorro, tá pedindo o nosso cuidado, a nossa atenção e o nosso acompanhamento”, apontou Macaé.

A Escola Estadual Coronel Juca Pinto, no bairro Universitário, também contou com apresentações culturais, realização de grafites pelos alunos e atividades esportivas. Para a diretora, Maria de Lourdes Caldeira, a Virada Educação Minas Gerais, realizada desde o ano passado, já trouxe resultados concretos: “Conseguimos trazer vários alunos para escola, reabrimos o ensino médio noturno, com três turmas de cerca de vinte alunos cada”, relatou a diretora.

A secretária Macaé Evaristo também esteve na Escola Estadual Coronel Juca Pinto, no bairro Universitário. Foto: Reinaldo Soares/SEE

Além disso, ela ressaltou a importância da participação da comunidade: “Nós temos que resgatar o envolvimento da comunidade com a escola. A comunidade tem que estar presente, eles ainda estão entendendo a importância da participação deles no aprendizado dos alunos”. Como estratégia para atrair a comunidade, a diretora destaca as atividades abertas que a escola promove: “Temos que deixar de usar só o espaço da sala de aula e usar todo o espaço - o pátio, a quadra, a área verde nos fundos, a praça na frente – com atividades como hip hop, informática, capoeira, futebol. Nossa filosofia é receber bem a comunidade e tratar todos muito bem”, conclui. Maria Aparecida Pinheiro, mãe de dois alunos da escola, concorda com a diretora: “Estamos dentro da escola, participando do colegiado e eu vejo o crescimento da escola. Os alunos estão mais entusiasmados”.

Portas abertas à comunidade

Com participação ativa da comunidade escolar, a Escola Estadual Melo Viana, no bairro Carlos Partes, também deu a partida na Campanha VEM 2016 no último sábado. A campanha, em sua segunda edição, é dirigida aos jovens que, por algum motivo, deixaram de concluir ou não ingressaram no ensino Fundamental ou Médio. Os jovens interessados em retornar à escola podem se inscrever, até o dia 28/10, em uma unidade de ensino estadual mais próxima. No ano passado, o resultado foi a inscrição de mais de 114 mil novos alunos.

Na Melo Viana, o dia foi de muita festa, com apresentações musicais, incluindo uma “canja” do vice-diretor, Gustavo Henrique Costa, com show solo de violão. Grupos de alunos e professores também se apresentaram. Na ocasião, receberam certificados os alunos que participaram da Feira Literária, uma iniciativa de promoção à leitura e à literatura, realizada no início de setembro. Após as apresentações, as oficinas de origami (técnica japonesa de dobras em papel), sexualidade (que debateu a sexualidade entre a juventude), e africanidade (com introdução a instrumentos de percussão e história dos negros no Brasil e seus ancestrais) ficaram bem concorridas.

Oficina de origami fez parte da programação da EE Melo Viana. Foto: Elian Oliveira - ACS/SEE.

De acordo com o diretor da escola, Marco Paulo Figueiredo, a Virada Educação tem importante papel “no ideário de uma escola aberta, participativa em sua comunidade e democrática na concepção pedagógica”. Para ele, é preciso romper com a cultura de que a participação da família no ambiente escolar deve se dar apenas no que se refere a ‘disciplina’ e notas de avaliação. “Desde o início de nossa gestão, temos procurado formas de convencimento dos familiares dos alunos, de que a educação não vem pronta e é uma construção de todos. Por isso, damos ênfase a todo tipo de participação da comunidade nas atividades da escola”, pontua o diretor.

Jaqueline Maria Medeiros, tia do aluno do 7º. ano do Ensino Fundamental, Anderson Luiz Medeiros, atendeu ao chamado e foi conhecer os projetos da escola. “Estou muito impressionada pelo que vi aqui. Acho que essas iniciativas melhoram a comunicação entre as famílias e a escola, e o desempenho dos alunos”, comentou. Para Anderson, que participou da Virada pela primeira vez, a proposta ajuda a “conhecer gente nova, e ajuda no relacionamento com os colegas fora da sala de aula”.
Priscylla Ramalho, diretora de Juventude da Secretaria de Estado de Educação (SEE), acompanhou na visita à escola a coordenadora de Articulação da Superintendência de Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação da Bahia, Helaine Souza. “Minas Gerais está desenvolvendo um trabalho muito interessante e viemos conhecê-lo para que possamos aplica-lo também na Bahia”, relatou a Helaine.

Retorno à escola

Na Escola Estadual Professora Elizabeth Viana, no município de Sabará, a Virada Educação vem para consolidar um trabalho que já é feito na instituição: o resgate e o incentivo ao retorno de alunos que abandonaram a escola. “Temos o costume de buscar o aluno que abandonou a escola. Sempre que percebemos que o aluno deixou de vir, pedimos um servidor da escola para passar na casa dele e saber por que ele está faltando ou o que está acontecendo. Os nossos alunos abandonam a escola normalmente porque começaram a trabalhar, por isso, apresentamos para eles a possibilidade de participarem da Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, destaca o diretor da escola, Dalvino Cândido Filho.

A Escola Estadual Professora Elizabeth Viana, em Sabará, também se mobilizou para a Virada Educação. Foto: Geanine Nogueira - ACS/SEE

 

Foi a possibilidade de participar da EJA que fez com que Guilherme Pinheiro retornasse para a escola em 2014. Ele estudou até o 1º ano do Ensino Médio e em 2010 precisou parar de estudar para trabalhar. Ao ficar sabendo, por um servidor da escola, que poderia voltar, ele não pensou duas vezes. “Sempre senti falta de ter um diploma de conclusão do Ensino Médio e voltei por isso. Não sabia que existia a EJA e quando a escola me falou da possibilidade aceitei na hora. Acho importante divulgar essas possibilidades, porque tenho certeza que muita gente, assim como eu, não sabe”, conta. Hoje, Guilherme é parceiro da escola e mesmo já tendo concluído o Ensino Médio gosta de participar de todas as atividades que são realizadas. Nas atividades da Virada, ele participou de uma apresentação de dança.

Para mostrar para a comunidade as atividades que desenvolvem no dia a dia e lançar a Campanha VEM 2016, a escola organizou diversas apresentações artísticas que tiveram como foco o resgate cultural. Os alunos realizaram apresentações de danças que destacavam a cultura africana, capoeira e a brincadeira “Escravos de Jó”, na qual os estudantes utilizaram materiais reciclados. Também foram realizadas diversas oficinas.

Os alunos realizaram apresentações de danças que destacavam a cultura africana, capoeira e a brincadeira “Escravos de Jó”. Foto: Geanine Nogueira - ACS/SEE

 

Naiara Augusta de Jesus Silva é aluna do 3º ano do Ensino Médio e participou da apresentação de dança africana. Ela conta o que mais gosta em sua escola e o que acha que precisa melhorar. “Gosto bastante daqui, a escola sempre promove atividades diferenciadas e nós temos a oportunidade de participar. Nós jovens gostamos disso. Só acho que poderia ter um pouco mais de interação entre alunos e professores”, comenta.

Marciana Antônia da Natividade Sousa é mãe da aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, Monique Adrielle Natividade da Paixão. De férias do trabalho, Marciana achou importante ir até a escola e participar das atividades. “Pra mim, é um pouco difícil participar das atividades que acontecem na escola por causa do meu trabalho, mas sempre procuro saber o que acontece aqui. É importante os pais participarem, assim podemos construir uma educação melhor”, afirma.

Campanha VEM

A Campanha deste ano acontece de 17 de setembro a 28 de outubro de 2016 e os locais de inscrição serão as próprias escolas, que deverão fazer a inscrição (pré-matrícula) dos jovens que as procurarem neste período. A escola deverá acolher o pedido de matrícula, considerando os níveis e modalidades de ensino que já oferta. Não haverá restrição em relação ao endereço residencial do requerente, ou seja, deverão ser aceitas as inscrições inclusive daqueles jovens que não residirem nas proximidades da escola.

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