Professores também serão alunos dos Conservatórios a partir de março, quando darão continuidade ao curso de formação musical para educadores

Aprender a diferença entre a sonoridade produzida por instrumentos alternativos como potes de iogurte e o compasso das batidas das mãos, faz parte das lições sobre percussão do curso de musicalização, coral e flauta doce do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier, de São João del-Rei.

O conservatório é uma das 12 escolas de música da rede estadual existentes em Minas Gerais e exemplifica o funcionamento destes espaços de formação artística, que já iniciaram também o calendário letivo.

Para a professora do Conservatório da cidade histórica, Jane Arruda “a volta às aulas de calouros e veteranos é marcada pela adaptação e pelo acolhimento dos alunos. Nos conservatórios, trabalhamos em conjunto nas aulas, para avançarmos no quesito ritmo”, explicou a educadora que é também ex-aluna do Conservatório de São João del-Rei. “Cheguei aqui na década de 90, para aprender violão e acabei me tornando professora de flauta doce, e me empenho muito nesta causa do ensino da música, tento motivar ao máximo nossos alunos”, completou Jane.

Bárbara Bela de Souza, de 11 anos, é aluna da Escola Estadual Aureliano Pimentel e caloura do curso de violão do Conservatório de São João del-Rei. Sua motivação para frequentar as aulas de cordas no contraturno do 2º ano do ensino fundamental veio da família. “Acho que vai ser legal meu ano aqui no Conservatório. Já aprendemos muitas coisas”, disse a estudante, que é um dos 1.780 alunos que se dedicam ao estudo musical.

Segundo o diretor da escola de música, Anthony Claret Neri, “nesta primeira semana de aula os alunos se reuniram com os professores para a marcação de aulas, e os pais também foram convidados a conhecer a nova rotina dos filhos”.

Formação musical para professores

A volta às aulas dos Conservatórios Estaduais de Música de Minas, será marcada também, a partir de março, pelo retorno de professores da rede estadual aos conservatórios de música. Em 2013, esses educadores darão continuidade ou ingressarão no curso de extensão de educação artística e formação musical para professores.

Em 2012, 600 educadores concluíram o primeiro módulo do curso. Segundo o coordenador dos Conservatórios Estaduais de Música da Secretaria de Estado de Educação, Gilbert Gouvea, “a adesão superou as expectativas iniciais por se tratar de um curso livre. Em alguns conservatórios, como o de Varginha e o de Pouso Alegre, houve filas de espera e, este interesse significa a retomar a natureza primordial dos conservatórios de música que é formar educadores”, pontuou Gouvea.

Para a professora e supervisora da Escola Estadual João Pinheiro, de Ituitaba, Maria Betânia França Franco, “não existe outro caminho na educação que não seja aquele que passa pela educação e pela arte. Precisamos incentivar este saber diferenciado trazendo de volta esta alegria para dentro de sala de aula”.

A educadora deu início ao curso de educação artística em 2012, no Conservatório Estadual Doutor José Zócoli de Andrade, também de Ituiutaba, e, segundo ela, o curso de extensão para professores repassa conteúdos práticos e fundamentação teórica de grande alcance.

“É feito todo um resgate sobre a história da música mundial, que vai desde a musicalidade no tempo das cavernas, por meio dos sons da natureza, até os dias atuais”, contou a professora. Betânia salientou ainda que “as aulas são dadas por profissionais de gabarito. E tudo o que aprendi no Conservatório, apliquei simultaneamente na escola onde dou aula. Criamos atividades ligadas à percussão que ensinam aos alunos, por exemplo, a experimentarem a música em todas as suas formas, extraindo sons do corpo com pauzinhos, usando não somente os instrumentos convencionais. Fizemos trabalhos com músicas africanas e usamos formas geométricas para promover danças e sons. Os professores precisam se despertar para esta prática”.

Em todo o Estado, serão oferecidas novas turmas para módulos iniciais e turmas módulo II, para os professores que optarão por dar continuidade a especialização. Os professores que tiverem interesse devem procurar pelo assunto devem procurar os conservatórios estaduais de música mais próximos.

A ideia de fomentar a música nas escolas está em convergência com a Lei nº 11.769, que estabelece o ensino da música como único conteúdo obrigatório, porém não exclusivo do currículo escolar.

Proporcionar aos estudantes uma formação mais humanística, e que desenvolva habilidades motoras, além daquelas ligadas a capacidade de concentração e de trabalho em grupo, é um dos intentos do ensino da música nas escolas.

Os cursos

Piano, saxofone, teclado, violino, trombone, trompete, acordeom, clarineta, guitarra, órgão, cavaquinho, viola caipira, flauta transversa, bateria, violoncelo são alguns dos cursos de instrumentos lecionados nos conservatórios estaduais de música de Minas Gerais.