Com voucher escolar, alunos de instituições de ensino de Belo Horizonte e Contagem foram convidados a participarem da feira como parte de um projeto de incentivo a leitura

Sara Alves, de 10 anos, e o seu Uma Bienal e dezenas de milhares de livros. A missão era adquirir um título para levar para casa por escolha própria, e dar um mergulho pelo mundo literário da grande feira. Essa foi a recomendação que a diretora da Escola Estadual Antenor Pessoa, Kátia Perdigão, e mais três professoras convidadas deu aos seus 125 alunos que visitaram a Bienal, na tarde desta quinta-feira, 24.

Com o voucher escolar de R$ 5, concedidos pela Secretaria de Estado de Minas Gerais (SEE-MG), os alunos foram soltos nos corredores da Bienal, para irem à caça do tesouro. Missão impossível? Matheus Felipe, de 12 anos, garante que não. Com R$ 4,50 comprou cinco volumes de gibis da famosa saga Guerra das Estrelas, também conhecida como Star Wars. Em meio a tanta oferta, obras e cores, conseguiu encontrar as histórias que deverão preencher seu tempo livre e na escola.

A professora de Português Iracema Lúcia, que já fazia trabalhos de dramatização de textos da literatura e resumos de textos com a turma, contou que já estava prevista para esta sexta-feira, 25, uma dinâmica com os alunos do 1º, 2º, 5º e 6º do ensino fundamental, que tiveram a oportunidade de estar na Bienal, para discutir sobre os volumes que os estudantes colocaram na bolsa. “Pode ser que a gente faça um rodízio de obras, aonde cada um coloca na roda aquilo que comprou e já leu, como empréstimo. Temos muitos exemplares de uma mesma obra. Esta diversidade vai contribuir e muito para nossos estudos literários”, explicou a professora Iracema, enquanto alguns alunos mostravam ali por perto o interesse em descobrir o que o título do colega guardava por trás de encartes para colorir, histórias de princesa e ogro, como o famoso personagem dos estúdios da Dreamworks, Shrek.

E os títulos adquiridos eram curiosos. A aluna Sara Dias, de 10 anos, procurava obras com poesia. Ela que, eventualmente, escreve excertos de poemas em seu diário, acabou levando para casa um romance sobre vampiros. “A moça que atendia o stand me deu algumas indicações, mas acabei chegando a este livro Quem tem medo de vampiro”. Sem aparentar saber exatamente do que se tratava a obra infanto-juvenil, do curitibano Dalton Trevisan, a estudantes deverá ter uma agradável surpresa, quando começar a navegar pela história, que fala sobre as aventuras e desventuras da alma humana.

Painel da Bienal faz trocadilho com o nome de obras literárias famosas. Esta edição da feira privilegiou o universo infanto-juvenil. Foto: Bárbara Camargo

Os professores que também ganharam o voucher escolar, no valor de R$ 30, tiveram seus momentos de busca e escolha. A professora de literatura “Fatinha” mostrou os 10 volumes da história em quadrinhos de Chico Bento que estava levando para a escola. “Costumo trabalhar em classe gêneros textuais e variações linguísticas regionais do Brasil, com estas tirinhas da Turma da Mônica”, contou a professora Fátima que parecia se divertir com o grupo de estudantes.

“A semente, compor. Abacate, lê”

A diretora da Escola Estadual Antenor Pessoa, Kátia Perdigão, lembrou que a visita a uma Bienal do Livro, é uma experiência que cativa e que não se substitui. “É igual a teatro e cinema. São ambientes peculiares que causam impactos diferentes. O que estes alunos estão levando não é só um livro, e sim a lembrança de várias referências que, com certeza, continuarão a estimulá-los para o mundo literário de forma permanente na vida deles”, observou a diretora. “E apesar de virem de uma comunidade carente, estas crianças já têm o hábito da troca, de conservação, da entrega no espaço da escola. Estas novas aquisições, e nós compramos mais 30 títulos para a nossa biblioteca, só vai ajudar nesta cultura de convivência, conhecimento e imaginário”, arrematou Kátia Perdigão.

Alunos da Escola Antenor Pessoa mostram os títulos que buscaram. Autores que nunca saem de moda, como Shakespeare, estavam na lista. Foto: Bárbara Camargo

A estudante Érica Martins que comprou um pacotão de volumes de histórias clássicas com seu voucher, certamente poderá contribuir com este projeto de leitura coletiva que eventualmente acontecer na escola.

Na ocasião da abertura da Bienal do Livro, no último dia 18 de maio, a subsecretaria de Desenvolvimento de Educação Básica, Raquel Elisabete Santos, deixou a seguinte mensagem aos jovens leitores: “que os alunos procurem no livro um companheiro, um amigo de viagem. Uma viagem que possa levar a muitas outras”.

Colecionando histórias

A Secretaria de Estado deEducação (SEE) liberou recurso para algumas escolas da rede estadual criarem ouampliarem o acervo literário. Cada instituição recebeu uma verba que varia deR$1 mil a R$5 mil, de acordo com o número de alunos. Entre as escolascontempladas está a Escola Estadual Deputado João de Almeida, no município dePedra Azul, no Vale do Jequitinhonha. De acordo com a diretora, Adilene LopesBarros, os livros adquiridos vão contribuir com os projetos de leituradesenvolvidos pela instituição.

“Adquirimos livros variados,alguns escritos por autores conhecidos como Clarice Lispector e José deAlencar. Outros livros abordam temas relacionados aos valores humanos, poisfazem parte dos temas transversais que trabalhamos”, explica a diretora daescola que esteve na Bienal do Livro para a aquisição dos títulos. Ela aindadestacou que os alunos já preparam uma recepção para a chegada dos livros. “Vamosfazer um chá literário no dia para apresentar os livros que compramos. Depoisfaremos um varal com as resenhas feitas pelos alunos”, completa.

Enviar para impressão