Iniciativa contemplou oito municípios mineiros

“Primeiro eu sabia assinar só o ‘Ana’, com o tempo aprendi a assinar o ‘Chaves’ e depois aprendi a fazer a assinatura toda. Estou muito satisfeita, porque antes ficava com vergonha quando tinha que assinar qualquer coisa e me mandavam bater o dedão. Eu saía com o dedo sujo de tinta e acabava sujando minha roupa.Sempre quis aprender assinar meu nome”. Esse depoimento é de Ana Chaves Fernandes, 66 anos, uma das 900 pessoas que receberam o certificado de alfabetização a partir da participação no Projeto de Alfabetização e Letramento Popular de Jovens e Adultos em 2018.

Segundo dados do Censo Escolar 2017, a taxa de analfabetismo na população de 60 anos ou mais, da qual Ana faz parte, atinge 19,2%, índice próximo ao registrado no país (19,3%), mas maior que o do Sudeste, que está em 10,6%. São mais de 600 mil pessoas analfabetas nessa idade em Minas Gerais.

O Projeto de Alfabetização e Letramento Popular foi instituído pela Resolução 3.644, de 27 de outubro de 2017, e tem entre seus objetivos reduzir a taxa de analfabetismo da população mineira e as desigualdades educacionais no Estado por meio da alfabetização de jovens e adultos nas suas comunidades, além de utilizar métodos de alfabetização e letramento populares, que reconheçam as especificidades, os saberes sociais e comunitários e proporcionem a alfabetização e o letramento dos educandos. A iniciativa foi realizada em parceria com a Fundação Helena Antipoff .

Inicialmente, o projeto foi desenvolvido em oito cidades mineiras: Ibirité, Itatiaiuçu, São Joaquim de Bicas, Almenara, Montes Claros, Teófilo Otoni, Tumiritinga e Novo Cruzeiro. Foram certificados cerca de 900 cidadãos mineiros que buscavam o acesso à educação escolar e que não passaram pelo processo de alfabetização e letramento na idade de direito. A formatura dos educandos foi realizada ao longo do mês de dezembro.

Além da assinatura, Ana conta o que mais aprendeu. “Sei ler algumas palavras. Hoje pego uma conta de água ou luz e sei ler qual é a minha e qual é dos vizinhos. Aqui elas chegam todas juntas”. São ações como essa que despertam na educanda a vontade de aprender ainda mais. “Tenho vontade só de aprender mais e mais. Quero continuar estudando”, conclui.

Para a realização do Projeto, a Secretaria adotou o método “Sim, eu posso!”. O método é organizado por meio de 65 vídeoaulas, que foram gravadas por uma equipe brasileira em Cuba e adaptada ao contexto do Brasil, além de atividades diferenciadas.