1ª Feira da Diversidade Cultural contou com a participação dos 172 estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, que integra o Centro Socioeducativo de Uberlândia

A pluralidade da cultura brasileira, que foi disseminada pelos europeus colonizadores, indígenas, africanos e imigrantes de variadas nações, é perceptível, entre outros aspectos, na culinária, crenças, vestimentas, no espaço urbano, linguagem, manifestações artísticas e religiosas. Essa multiplicidade e peculiaridades das cinco regiões do Brasil foram destaques na 1ª Feira da Diversidade Cultural, projeto desenvolvido por professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, que integra o Centro Socioeducativo de Uberlândia (Ceseub). “Além de participarem ativamente de todo o projeto e se sentirem integrantes da nossa cultura, os educandos entenderam que há culturas diferentes, marcadas por outro tempo e espaço, e que, para aprender, precisam estar abertos a influências culturais diversas”, afirma Giselle de Oliveira, professora de Filosofia e do Plano de Ação Comunitário da unidade. 

Abordando a constituição da cultura brasileira por meio da História e da Geografia, o projeto, construído de maneira interdisciplinar, reforçou também a importância de respeitar as diferenças culturais. “A diversidade cultural está presente diariamente no contexto brasileiro. Sendo assim, é fundamental que os estudantes respeitem o modo de vida, a organização política, social e econômica de cada região, estado ou cidade do Brasil e do mundo”, explica Giselle, que coordenou a iniciativa juntamente com os professores Alexandre Felice, Wesley dos Santos, Sinval Gomes e Lívia Mara.

1ª Feira da Diversidade Cultural mostrou diversidades das 5 regiões do Brasil. Foto: Arquivo Escola

O professor de Filosofia, Sinval Gomes, lembra que é primordial, ao levar para o ambiente escolar a discussão sobre as diversidades, extrapolar o discurso recorrente. “Em relação à diversidade cultural, por exemplo, temos que ir além da constatação de contemplação e do folclore. De uma forma geral, devemos ressaltar que as diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são para explicar que homens e mulheres, negros e brancos, distinguem-se entre si, mas, antes de tudo, é entender que ao longo do processo histórico, essas diferenças foram produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão dos povos”, frisa.

Durante o projeto, os 172 estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio de Uberlândia, que atende adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação, aprenderam sobre práticas de cidadania. “Socializar o conhecimento é tarefa primordial de toda instituição de ensino, que deve, também, atuar na transformação dos saberes para com os educandos e promover o pleno desenvolvimento enquanto cidadãos. Ao aprenderem sobre as diferenças e diversidades do nosso país, eles se conscientizaram que o exercício da cidadania não é um privilégio de poucos, mas direito de todos, e que deve ser uma meta perseguida por todos os segmentos sociais”, argumenta o professor de Artes, Wesley dos Santos.

O projeto, construído de maneira interdisciplinar, reforçou também a importância de respeitar as diferenças culturais. Foto: Arquivo da Escola

Atividades

Durante as atividades para realização da Feira, que ocorreu no dia 21 de setembro, os alunos prepararam, de forma coletiva, atividades diversas. Divididos em grupos, construíram quebra-cabeças do mapa geográfico do Brasil e das regiões Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ornamentaram as salas e produziram artesanatos característicos dos estados brasileiros.  O estudante do 1º ano do Ensino Médio, Wilker Lourenço dos Santos, 16 anos, conta que, além de valorizar o protagonismo juvenil, a iniciativa, de forma bem lúdica e elucidativa, discutiu uma temática fundamental para o crescimento pessoal de todos os participantes. “Os professores não deixaram de reforçar o combate ao preconceito e à discriminação em todas as suas formas, de repassar atitudes e valores essenciais a nossa formação cidadã. A discussão de temas que motivam a reflexão individual e coletiva contribui para a superação e eliminação de qualquer tratamento preconceituoso”, comenta.

Segundo Wilker, a Feira transformou seu olhar para a sala de aula. “Percebi que a sala em que estudo é diversa, que possui pessoas com culturas, valores, modos de viver diferentes. Essa diversidade deve ser vista não para reprodução das desigualdades e exclusão social, mas de forma crítica, para superarmos atitudes meramente condenatórias, discriminatórias e preconceituosas, e para resgatar o espaço escolar, viabilizando práticas pedagógicas que enalteçam a diversidade e elevem a autoestima dos alunos”, completa.

Durante as atividades para realização da Feira, que ocorreu no dia 21 de setembro, os alunos prepararam, de forma coletiva, atividades diversas. Foto: Arquivo Escola

Os alunos construíram quebra-cabeças do mapa geográfico do Brasil e das regiões, ornamentaram as salas e produziram artesanatos característicos dos estados brasileiros. Foto: Arquivo da Escola

Para o professor de Educação Física, Alexandre Felice, a atividade promoveu o autoconhecimento em toda comunidade escolar. “Cada um à sua maneira compreendeu que é diferente do outro em diversos aspectos e que esse fator é crucial para o processo de aprendizagem, reconhecimento e entendimento de si mesmo e dos outros”, diz.

A 1ª Feira da Diversidade Cultural, de acordo com a professora Giselle de Oliveira, também destacou a cultura local. “Atentamo-nos para a nossa região, na qual a dança e a música possuem um papel fundamental. Em tempos de globalização, o conhecimento do que é local revela-se decisivo para que se possa estabelecer uma relação adequada entre aquilo que percorre todo o mundo e aquilo que participa da vida de cada um na dimensão e escala possível da sua existência”, afirma, acrescentando a importância do saber popular para discussão da temática. “O conhecimento não constitui uma série de informações técnicas a serem aprendidas pelos alunos, mas uma construção de saberes. Nesse sentido, o saber popular designa muitas formas de conhecimentos expressas nas criações culturais dos diversos grupos de uma sociedade. Dessa forma, o projeto permitiu aos alunos fazerem elos com a realidade em que vivem, além de defender, promover e difundir o conhecimento das manifestações culturais e populares”, conclui.

Por William Campos Viegas – ACS/SEE-MG