Escola na comunidade quilombola de Alegre não perde o foco na valorização da cultura local

Nas escolas da rede estadual de Minas Gerais, a educação e a cultura andam de mãos dadas. Localizada na comunidade quilombola do Alegre, no município de Januária (Norte de Minas), a Escola Estadual Antônio Corrêa e Silva é prova disso. A escola desenvolve diferentes atividades e não perde o foco na valorização da cultura da comunidade atendida. A escola atende a pouco mais de 300 estudantes, sendo 90% deles provenientes de comunidades quilombolas da região.

“Sempre desenvolvemos ações que visam ao reconhecimento da cultura. Entre elas está um trabalho que fizemos para conscientizar as famílias da importância de reconhecer suas origens. No ato da matrícula, por exemplo, tínhamos uma dificuldade muito grande na hora de os pais declararem a cor dos filhos. Às vezes o filho era negro e os pais tinham dificuldade de falar que ele era negro. Hoje isso já é diferente”, ressalta o diretor da escola, Odair Nunes de Almeida.

Nas ações da educação integral realizadas pela escola, os alunos participam de oficinas de artesanato, e nas aulas de educação física, aprendem danças e brincadeiras típicas da cultura quilombola, como explica a professora de Educação Física, Thaisa Rodrigues de Matos. “Eu resgato as brincadeiras das gerações passadas e também as danças. Trabalho em conjunto com os professores de Artes para resgatar as danças da peneira, a dança do coco, entre outras. Como não sou da comunidade, também tenho um diálogo muito aberto com os moradores para aprender cada vez mais”.

Na escola, estudantes também aprendem sobre a cultura quilombola. Foto: Geanine Nogueira ACS/SEE

 

Jheniffer Lara Pereira de Souza é aluna do 6º ano do ensino fundamental. A estudante nasceu em Uberlândia, mas hoje mora na comunidade Quilombola do Alegre onde sua mãe nasceu. Para ela, as aulas ajudam a conhecer a história do seu povo. “Muitas coisas minha mãe já tinha me falado, mas aqui aprendo mais da nossa cultura”.

Minas Gerais conta com 23 escolas estaduais localizadas em comunidades quilombolas. Essas escolas atendem a 5.366 estudantes em 17 municípios.

Agenda no Norte de Minas

Na última semana, a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, esteve em comunidades quilombolas da região norte do Estado. Além da Comunidade do Alegre, também foram visitadas as Comunidades do Quilombo da Praia e do Quilombo Lapinha. Em todas, Macaé teve a oportunidade de conhecer um pouco mais da cultura das comunidades e suas demandas.

"Afroconsciência: Com essa história a escola tem tudo a ver"

No início deste ano, o Governador do Estado, Fernando Pimentel, e a Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR), Nilma Lino Gomes, assinaram um Acordo de Cooperação Técnica que objetiva a execução de ações de enfrentamento ao racismo e de promoção da igualdade racial no âmbito educacional no Estado de Minas Gerais.

A ideia do trabalho conjunto é promover uma mobilização para o cumprimento da Lei Federal 10.639/2003 nas escolas. Por meio de diferentes iniciativas, a proposta pretende realizar relevantes ações nas unidades escolares para a superação do preconceito racial, na busca pelo reconhecimento e valorização da história e da cultura dos africanos na formação da sociedade brasileira.

Durante agenda no norte de Minas, secretária de Estado de Educação Macaé Evaristo visitou três comunidades quilombolas. Foto: Marcelo Sant'Anna/Imprensa MG

 

O primeiro passo do Governo de Minas no trabalho de reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira e da importância da discussão desse assunto no ambiente escolar foi o lançamento da campanha intitulada “Afroconsciência: Com essa história a escola tem tudo a ver”. A iniciativa objetiva divulgar junto à comunidade escolar a necessidade de se trabalhar essa temática de forma permanente, permeando todos os universos disciplinares, na perspectiva de oferecer aos jovens mineiros uma leitura histórica inclusiva.