Na Escola Estadual Dona Antônia Valadares, em Divinópolis, os murais foram enfeitados com cartazes informativos sobre a comunidade surda e a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os alunos dessa escola também estão conhecendo um pouco mais sobre a cultura dos surdos, seus desafios e potencialidades, por meio de informações passadas pelos próprios colegas surdos nas salas de aula. A programação faz parte das atividades desenvolvidas em razão de duas importantes datas neste mês: o Dia Nacional e o Dia Mundial do Surdo, celebrados nos dias 26 e 30 de setembro, respectivamente.

Na Escola Estadual Dona Antônia Valadares, em Divinópolis, alunos surdos interagem em Libras com os colegas da turma. Foto: Divulgação

Nessa escola, a interação dos alunos surdos com os colegas e funcionários está presente no dia a dia. Andreza Alves Greco Rangel é intérprete de Libras na escola, onde também é aluna do curso técnico, ofertado no turno da noite, que aborda a temática. Ela conta que o curso técnico tem colaborado de forma significativa para a qualidade do seu trabalho. “Além de aprofundar no estudo da língua, da gramática e das expressões não manuais, o curso me ajudou a conhecer melhor sobre a identidade do surdo, a ética do intérprete e a postura em sala de aula. Com isso, podemos também ajudá-los a lidar com os ouvintes e promover a interação não apenas dentro de sala de aula, mas em toda a escola”, afirmou.

Murais da Escola Estadual Dona Antônia Valadares, em Divinópolis, foram enfeitados com a temática da cultura dos surdos. Foto: divulgação

Intérprete de seis alunos surdos do 1º ano do ensino médio, Andreza relata que eles interagem muito bem com os colegas ouvintes e é cada vez maior o interesse pela Libras. “Os colegas começam a querer aprender com eles um pouco da língua. Os professores também se envolvem bastante. É um processo de troca muito interessante”, salienta a intérprete. Em junho deste ano, a turma do curso técnico da escola promoveu um sarau em Libras que reuniu centenas de pessoas no teatro Usina Gravatá.

Iniciativas

Na rede estadual de ensino de Minas Gerais, várias escolas promoveram, neste mês de setembro, atividades de conscientização e valorização sobre os surdos. Na Escola Estadual Orôncio Murgel Dutra, em Belo Horizonte, a professora regente Bárbara Guedes, que participa do curso básico de Libras no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS BH), organizou uma apresentação musical em Língua de Sinais com a turma do 5º ano do ensino fundamental.

A Escola Estadual Orôncio Murgel Dutra, em Belo Horizonte, organizou apresentação musical em Língua Brasileira de Sinais. Foto: Divulgação

O diretor da escola, Carlos Alberto Alves, conta que mesmo sem ter, atualmente, alunos surdos matriculados na unidade, acha fundamental trabalhar essa temática com os estudantes. “É muito importante trabalhar a valorização da cultura dos surdos e incentivar comunicação pela língua de sinais. Os alunos se envolvem e gostam muito. Eles já conseguem se comunicar em Libras, reproduzem os sinais que aprendem com a professora”, destaca o diretor.

A Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio, em Itabira, reuniu profissionais intérpretes de Libras, alunos e membros da Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Itabira (Apasita). Eles conversaram sobre a cultura surda, a estrutura da Libras e diversos elementos relacionados a esse público.

Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio, em Itabira, reuniu profissionais intérpretes de Libras, alunos e membros da Apasita. Foto: Divulgação

Rede estadual

A rede estadual de ensino de Minas Gerais conta, atualmente, com cerca de 3 mil alunos surdos ou com alguma deficiência auditiva, além de surdocegueira, matriculados nas escolas. Para aprimorar o atendimento de estudantes surdos e capacitar os professores da rede, a SEE mantém cinco Centros de Capacitação de Profissionais de Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), localizados nos municípios de Belo Horizonte, Montes Claros, Varginha, Diamantina e Uberaba.

O objetivo é trabalhar propostas para a educação de surdos por meio da formação continuada dos professores com a oferta de cursos de Libras e de Língua Portuguesa como segunda língua para estudantes surdos. Nos CAS também são produzidos materiais didáticos acessíveis aos alunos surdos, como vídeos didáticos em libras, além da capacitação de professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Além deles, também existem dois Núcleos de Capacitação e Apoio Pedagógico às Escolas de Educação Básica nos municípios de Januária e Governador Valadares.