Cursos do Programa de Educação Profissional formam mão-de-obra de acordo com a necessidade de cada região
As oportunidades oferecidas pelo Programa de Educação Profissional (PEP), da Secretaria de Estado de Educação (SEE), não levam em conta apenas a necessidade de formação dos jovens mineiros. As vagas oferecidas pelo Programa consideram também a vocação profissional e a demanda de cada região do Estado. Segundo a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da SEE, antes de autorizar um curso do PEP é observada a demanda de cada região. “Antes de oferecer um curso a Secretaria estuda se aquela mão-de-obra será absorvida pelo mercado. Alguns cursos existem em todas as regiões, mas outros são bastante específicos”, explica.
Um bom exemplo está em Nova Serrana, no centro oeste de Minas Gerais. A cidade é um dos pólos calçadistas do Estado e por lá o PEP oferece o curso de técnico em calçados. Referência nacional na produção de calçados, o pólo calçadista de Nova Serrana engloba 12 municípios e conta hoje com pelo menos 1200 empresas. Segundo o Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana, o pólo produziu no ano passado 110 milhões de pares de sapatos.
E foi justamente a vontade de se destacar nesse mercado que levou Anthony Gontijo a buscar aperfeiçoamento. Ele, que começou a trabalhar com calçados ainda na família, formou-se na primeira turma do PEP e hoje já deu início a um negócio próprio. “Eu fiz o curso pensando em me especializar, não tinha intenção de sair do negócio da família, que trabalha com sapatos de couro. Lá dentro eu descobri novas técnicas e acabei mudando de área. Abri uma etiquetadora, que trabalha com calçados esportivos. A empresa é nova, mas já consegui melhorar”, explica Anthony, que se formou no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), umas das instituições credenciadas para oferecer cursos pelo PEP.
Lucas César da Silva também fez o curso, mas, com o diploma em mãos, trocou a fábrica pela sala de aula. Com 21 anos, ele foi contratado pelo Senac para ser instrutor no mesmo curso em que se formou e hoje dá aula de design. “O design não é só o desenho do sapato, é necessário estudar a biomecânica e toda uma série de fatores. A pessoa aprende a ‘ler’ o calçado”, explica o jovem professor. “Com o curso, a pessoa tem uma visão ampla da área calçadista, que vai desde a fabricação até uma noção de mercado”, completa.
Na 6ª edição, o PEP oferece 35 vagas para o curso de técnico em calçados em Nova Serrana.
Da criação à restauração
Se em Nova Serrana o que movimenta o mercado são os calçados, na cidade histórica de Ouro Preto os estudantes do PEP são atraídos justamente pela conservação da história. A atual edição do PEP oferece 20 vagas para o curso técnico em conservação e restauro, pela Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), entidade ligada à Secretaria de Estado de Cultura. No curso, o estudante aprende técnicas de conservação e restauro em três suportes: em papel, que abrange livros e documentos; em pintura de cavalete, como pinturas a óleo e em esculturas policromadas, que são aquelas que são pintadas.
“Praticamente todos os trabalhos de restauração que tem um significado importante no Brasil têm um aluno da Faop. É o técnico que pega no bisturi e faz a restauração”, explica a presidente da Faop, Ana Pacheco. “Trata-se de um curso relativamente caro e por meio do PEP esses estudantes tem a chance de cursá-lo gratuitamente. É uma ótima oportunidade”, completa.
Cibelly Curty, de 56 anos, formou-se no curso técnico da Faop por meio do PEP. Natural de Conselheiro Lafaiete, hoje ela faz parte de uma equipe que trabalha na restauração da principal igreja da cidade, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Datada de 1733, a igreja foi construída em estilo barroco e conta com partes do altar esculpida em madeira, telas de pintura a óleo que ilustram a vida de Jesus, entre outros detalhes, e Cybelly ajuda a recuperar essa história.